terça-feira, 17 de abril de 2012

Science of Games - Fallout (parte 1)


Traduzido pelo leitor Henrique

Possivelmente não há nenhuma outra série de games no mundo que leva tanta diversão na ciência como Fallout faz. Ela faz isso com uma abordagem em dupla vertente: é cientificamente concreta e não-cientificamente ridícula. Muitas vezes, no mesmo contexto. Ao usar a dura realidade de um holocausto nuclear como ponto de partida, os desenvolvedores também tomaram o cuidado de incluir uma dose de "ciência pastelão" de vez em quando. O esconderijo cheio de clones de Gary que só sabem gritar seu próprio nome em Fallout 3, como um Pokémon, é um grande exemplo. Ou Fisto, o robô sexual autônomo de New Vegas.

Fat Man

Uma das armas individuais mais fodas do universo Fallout é a Fat Man. Ela é uma bomba nuclear portátil, pessoal, de apoio nos ombros que praticamente elimina qualquer coisa por perto. Mas ela poderia realmente existir? Esta arma terrível é uma parte do lado concreto da ciência Fallout ou seu lado brincalhão?
Pesquisamos por ela e, surpreendentemente, é quase 100 por cento embasada pela ciência. Mas mais do que isso, a Fat Man realmente existiu uma vez. Não na forma exatamente igual a conhecida na versão Fallout, mas muito próxima disso.

No auge da Guerra Fria (um período bem parecido do que o que é baseado o game Fallout), uma invasão soviética da Europa Oriental parecia quase certa. A qualquer momento, parecia que haveria uma explosão de tanques soviéticos através do muro de Berlim e estes iniciariam uma jornada de conquista em direção ao Atlântico.

Para se defenderem, alguns postos avançados aliados ao longo da fronteira foram equipados com muitos mísseis nucleares de baixa capacidade. Apelidado de "Davy Crockett" (o mesmo visto em Metal Gear Solid 3), a bomba tinha apenas uma ogiva de 0,01 megaton. Mesmo as pequenas armas nucleares antigas, como a lançada em Hiroshima, tinham 15 megatons, e a maior já registrada foi a bomba Tsar Russa, que foi projetada para ter 100 megatons (mas foi reduzida para 57).

A Davy Crockett (até o nome soa como se fosse de Fallout) só tinha um alcance de cerca de algumas centenas de metros. Por isso, não se destinava a destruir uma força de ataque soviético. A função da arma era a de irradiar o solo com níveis letais de radiação na intenção de adiar o inimigo por tempo suficiente para mobilizar as forças aliadas.

A única diferença entre a Davy Crockett e a Fat Man é que a Davy Crockett não poderia ser montada sobre o ombro (os mísseis pesavam muito). Além disso, era extremamente imprecisa, pois só precisava atingir cerca de poucas centenas de metros e não faria muita diferença carregá-la nos ombros de qualquer maneira.

Os efeitos da radiação


A idéia de atrasar um avanço soviético com a radiação levanta uma questão interessante: por que a radiação é letal? Fallout inclui um método de gerenciamento da quantidade de radiação que você absorve durante o jogo.

Tal como em Fallout, a vida real contém dois diferentes tipos de radiação má. O que atinge externamente e o tipo que você ingere. Qualquer um que alguma vez bebeu uma "Nuka-Cola" sabe que existem alguns efeitos colaterais desagradáveis.

Ghoul de Fallout 3
A radiação que atinge você de fora é mais administrável. A menos que você seja atingido em altas doses, você pode sair com nada mais que um bronzeado. No entanto, quando você é atingido severamente, os efeitos são horríveis. Com relação a isso, Fallout encara de maneira próxima da realidade. E os seres humanos podem parecer muito mórbidos quando a sua pele e cabelo começam a cair.

Não se trata apenas de uma questão de radiação ambiental no entanto. As coisas que você come e bebe podem ser radioativas e ainda mais prejudiciais. Quando você ingere um alimento ou líquido radioativo, os átomos instáveis tornam-se uma parte de você, sendo incorporados em suas células da mesma forma que uma alimentação saudável faria. Só que agora, o átomo está dividindo-se e irradiando-se dentro do seu organismo. Se você obter ajuda rapidamente, existem pílulas que podem ajudar a proteger locais sensíveis (como a tireóide) da radiação.

O único problema factual com a radiação na visão de Fallout, é que em 2077 provavelmente ela seja um problema resolvido. Em laboratórios de todo o mundo, existem tratamentos sendo desenvolvidos para a cura de doses cada vez mais altas de radiação. A radiação é extremamente útil no tratamento do câncer, e quanto maior a dose aplicada, maiores as esperanças de cura. Então se alegrem futuros wastelanders! O câncer acabou de salvar seus traseiros.

Stealth Boy 

Mudando de assunto para a deixa final na Game of Science desta semana, vamos ver o sistema invisível de camuflagem "Stealth Boy" utilizado em Fallout: New Vegas. Esta peça de tecnologia é particularmente interessante, pois sempre parece estar fora do alcance da ciência atual.

Este tipo de sistema foi teorizado por muitos anos e inúmeros protótipos têm aparecido em todo o mundo. Uma equipe de pesquisadores japoneses, por exemplo, projetou um sistema que utilizou um manto e um projetor. O usuário usava um manto com uma câmera na parte traseira que estava ligada a um projetor. O projetor então, mostrava o que estava por trás da pessoa na capa, tornando-os invisíveis.

No entanto, o sistema não pode ser utilizado numa situação da vida real, por razões óbvias. Mesmo se você estiver invisível, o projetor que você tem que carregar na sua frente não vai estar (embora não fosse um problema se você estivesse se escondendo em uma fábrica de projetores).

Em MGS 4 isso já é realidade
Outro modelo para este tipo de sistema é um tipo de camuflagem militar que atualmente aparece apenas em rumores em blogs e sites de entusiastas militares. Este modelo utiliza telas de tecidos fibrosos minúsculos costurados no tecido do uniforme do soldado. Pequenas câmeras no traje captam os arredores e mudam o esquema de cores do uniforme para combinar com o ambiente de combate. É praticamente o sitema utilizado por Old Snake em Metal Gear Solid 4.

O único problema aqui é o custo. Essas coisas não são baratas e, portanto, não são práticos para o soldado médio. Eles também exigem uma grande quantidade de energia, por isso um fuzileiro naval teria que carregar grandes baterias. Os marines já tem que arrastar em torno de 25 quilos em suas mochilas. Assim, adicionar mais peso não seria prático. Estes sistemas estão atualmente sendo desenvolvidos para Humvees (um tipo de veículo militar), já que nesse caso o peso não seria um problema.

Semana que vem,  na segunda parte da matéria sobre a Ciência de Fallout investigaremos a possibilidade de existência de um Pip Boy , uma guerra nuclear contra a China e muito mais.

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