sábado, 25 de fevereiro de 2017

Review - Deadlight: Director's Cut


"What we call darkness is the light we can't see."

1986. Seattle. Apocalipse zumbi. Você assume o controle de Randall Wayne, um homem de estatura física enorme e estrutura pscicológica completamente perturbada, em sua solitária busca pela própria família, andando por escombros de uma cidade em ruínas.


Deadlight é um jogo de plataforma 2.5D lançado inicialmente em 2012 pela Tequila Works para a Xbox 360 e Windows, porém, em 2016, recebeu uma versão "Director's Cut" para o PS4 e Xbox One, com pequenos acréscimos de conteúdo.

A frase de citação dá o tom ao jogo, pois os cenários são muito bem iluminados, fazendo um contraponto ao personagem principal e inimigos, que são completamente escuros, no maior estilo LIMBO. O jogo possui uma cinemática que impressiona, com cenários ultrarrealistas e jogos de câmera que intensificam ainda mais a experiência.

ENREDO: Um dos pontos fortes de Deadlight é a história que o jogo conta. Mesmo sendo uma história simples de uma pessoa em busca de seus entes queridos em meio ao inferno zumbi, esta é muito bem trabalhada, contada de forma introspectiva, na maioria das vezes por frases e pensamentos do personagem principal, ou por momentos de flashback, que servem até como tutoriais para algumas mecânicas apresentadas. Randall é uma pessoa perturbada por fantasmas de seu passado, que ainda o atormentam durante a experiência de jogo, tornando a história muito densa, mesmo para um jogo que possui cerca de 3 ou 4 horas.

MÚSICA: A trilha sonora é de grande qualidade, e deixa em evidência o alto grau de miserabilidade do ambiente apresentado. Fica claro que não há mais vida naquele universo, apenas sobrevida. É uma trilha triste, que casa muito bem com a desolação dos cenários percorridos durante a experiência.

Deadlight apresenta pouquíssimos personagens, mas todos eles são muito bem dublados. O personagem principal possui um voice-acting de primeiríssima qualidade, o que acaba imprimindo muito realismo à jornada.

É engraçado que Randall fica em grande parte do jogo vagando sozinho e, no meio das andanças solitárias, filosofa em voz alta sobre a morte, sobre o desastre do mundo em que vive e sobre as lembranças de seu passado, como que se quisesse completar o vazio daquele ambiente, coisa que o jogo deixa bem evidente. Neste ponto o voice acting do personagem principal é fundamental para a imersão.

Por fim, os efeitos sonoros do jogo não são surpreendentes, mas atendem todas as expectativas.

GRÁFICO: Os gráficos de Deadlight impressionam. Como dito no início, a fórmula utilizada mesclando Limbo com realismo funcionou muito bem. O cenário é muito bem detalhado, com cores e luzes, mostrando uma ambientação impressionante. Além disso, os personagens e inimigos contaram com uma animação de movimentos muito bem trabalhada. Você sente o peso do personagem quando ele realiza um salto ou se pendura em alguma plataforma distante, assim como sente o peso do machado quando este é enterrado no crânio de um zumbi.

O jogo possui uma qualidade de ambientes tão boa que chega a ser um desperdício jogá-lo como um side scrolling de plataforma. Dá muita vontade de explorar aquele universo criado em uma experiência tridimensional. Outro charme é o jogo de câmera nos momentos de transição de tela. Quando você entra em um ambiente fechado a câmera dá um efeito de zoom in, assim como existe zoom out para ambientes abertos, dando todo um aspecto cinematográfico à jogatina.

Não bastasse a qualidade gráfica, Deadlight ainda apresenta cutscenes num formato de quadrinho animado no maior estilo The Walking Dead, com ilustrações de alta qualidade, deixando tanto o gráfico quanto o enredo do jogo ainda mais ricos.

GAMEPLAY: Deadlight trás novamente o medo que os jogadores tinham quando cruzavam zumbis, medo esse muito bem trabalhado pelos primeiros jogos da franquia Resident Evil. Esse diferencial foi muito importante para que não fosse apenas "mais um jogo de zumbis". Primeiramente, você possui uma barra de energia e outra de stamina. A primeira é quase que irrelevante, pois dois ou três zumbis são fatais. A segunda se esgota com muita facilidade pelo simples ato de correr ou até de utilizar ataques físicos, sendo que os zumbis possuem uma resistência muito alta, tornando o seu machado apenas uma opção de derrubar os inimigos para que você possa avançar. O segundo ponto é que o jogo te proporciona apenas duas armas de fogo que são praticamente inúteis nos momentos em que hordas de zumbi estão no seu encalço, pois a mira do jogo não é muito precisa, os zumbis quase não recuam quando recebem tiro e além disso o reload das armas é manual, executado bala a bala.

Outro ponto interessante é que o jogo te encoraja a ser criativo e tático, dando-lhe mecânicas que te permitem atrair a atenção dos zumbis para pontos estratégicos ou apresentando plataformas alternativas que, quando usadas, distanciam-lhe das ameaças existentes. O combate acaba sendo uma alternativa secundária, a ser usada apenas em situações extremas.


Randall Wayne também possui um diário incompleto, pois algumas páginas são colecionáveis encontradas pelos mapas que você explora, o que acaba agregando tanto em gameplay quanto em enredo, pois livreto é muito original e conta a história vivida pelo protagonista, além de ter algumas páginas muito bem escondidas. O jogo possui também alguns minigames escondidos (sim, são minigames muito parecidos com aqueles que tínhamos aqui no Brasil da Tectoy) e você pode jogá-los, o que torna a experiência ainda mais nostálgica e divertida (afinal de contas, o jogo se passa em 1986).

Mas nem tudo são flores... Deadlight possui grande parte de sua gameplay focada em precisão de saltos, porém o comando de pulo não é muito responsivo e, invariavelmente, um erro de salto significa morte certa. Essa imprecisão dos controles em algo que é crucial para o avanço da história acaba sendo um pouco frustrante.

O jogo também possui um modo de sobrevivência que libera assim que você termina a história principal, em que você joga num mapa fechado e precisa sobreviver o tempo que conseguir às diversas hordas de zumbis que são vomitadas no cenário. Este modo apresenta algumas falhas, como por exemplo zumbis desaparecerem e reaparecerem sobre o seu personagem, tornando a experiência enfadonha, principalmente para o pessoal que gosta de 100%.

PRÓS: Ótimo enredo, excelente trilha sonora e voice acting de qualidade. Gráficos surpreendentes e minigames interessantes e nostálgicos.

CONTRAS: Sistema de salto falho, algumas repetições de ação maçantes (o jogo não possui muitas ferramentas, então você usa muito as que lhe são apresentadas) e muitos glitchs tornam a jogabilidade um tanto quanto frustrante em alguns momentos.

CONCLUSÃO: Deadlight não é só mais um jogo de zumbis. Ele possui essa característica de resgate aos jogos em que o seu protagonista é frágil, humano e os zumbis são amedrontadores, monstros. Além disso, possui uma excelente história para contar, mesmo não representando mais do que 4 horas de jogatina. É um jogo que merece ser jogado, apesar de seus defeitos é honestíssimo em sua proposta, levando em conta que sempre aparece com descontos em promoções da PSN ou da LIVE.

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