quinta-feira, 16 de março de 2017

Review - Dying Light

Mais do mesmo... Só que melhor.

Produzido pela Techland no início de 2015 como um dos showcases das novas plataformas, Dying Light é um jogo de mundo aberto que mescla a forma de navegar pelos mapas vista em Mirror's Edge com a jogabilidade de Dead Island, um pouco de Condemned e até de Farcry. Vale citar que a equipe deste jogo é de fato a que produziu Dead Island, sendo que muitos achavam que esta série seria um spin off ou até mais um Dead Island. A versão em análise é a básica para Playstation 4 dublada em português, sem as expansões.

Em Dying Light você assume o comando de Kyle Crane, um agente americano que possui como missão infiltrar-se em Harran e desempenhar tarefas para o Governo. Porém, a cidade alvo do seu objetivo está em quarentena por conta de uma misteriosa infecção que transforma todos em zumbis. E é à partir daqui que o jogo se desenrola (com um belo salto de paraquedas, no maior estilo dos blockbusters hollywoodianos).

A perspectiva do jogo é toda em primeira pessoa, sendo que em nenhum momento é mostrado o rosto do personagem principal. A cidade é aberta e o jogo é um sandbox zumbi, que mescla survivor horror, first person shooter e até adventure.

Uma das grandes surpresas de Dying Light é justamente a cidade apresentada. Harran parece ser uma cidade real de um país de terceiro mundo do oriente médio (o jogo se passa na Turquia), com suas favelas, suas áreas nobres, seus habitantes e suas esquisitices. Durante sua jornada você é apresentado para diversas pessoas que sobreviveram ao apocalipse zumbi e levam suas vidas na medida do possível. Os personagens parecem não se levar à sério e muitos não se importam com o apocalipse zumbi.

E o melhor: TODA a cidade é explorável, várias construções possuem ambientes internos, existem passagens por esgotos, por subsolo, bem como diversos caminhos obscuros. Essa variedade de caminhos muitas vezes permite diversas formas de superar os obstáculos que Dying Light apresenta.

A ambientação é de primeira qualidade. As construções são muito bem decoradas, com tapeçarias e outros itens culturais. Tudo está devastado e desordenado, retratando muito bem o que seria um apocalipse zumbi. Nada na cidade funciona muito bem e você será o responsável por auxiliar na recuperação do pouco que sobrou, para ajudar na sobrevivência das pessoas que você encontra na cidade.

Dying Light possui uma história principal que é contada por meio de pequenas quests, sendo que a experiência pode ser enriquecida com diversas sidequests disponíveis. O mais engraçado é que as histórias por trás das missões secundárias são, por muitas vezes, muito mais interessantes do que o plot do jogo em si. E essa é uma grande falha... Dying Light possui uma história fraca e praticamente ignorável, os personagens centrais do jogo não são bem trabalhados, chegando a serem estereotipados. O bonzinho é bonzinho, o malvado é malvado. O motivo disso? Pouco importa, do personagem principal você só sabe o nome mesmo...

Não é raro encontrar relatos em fóruns de pessoas que simplesmente ignoraram a história principal e jogaram 40 ou 50 horas de Dying Light apenas para passear pelos mapas, encontrar colecionáveis, realizar as missões paralelas do jogo e caçar easter eggs. E sim, este é um jogo repleto de easter eggs, até mesmo nos troféus.

Outro ponto crucial é o sistema de navegação pelos mapas. Dying Light não possui fast travel, mas acredite, você sequer sentirá falta. Você passeia pela cidade correndo e realizando e manobras de parkour. Mesmo em se tratando de um jogo em primeira pessoa, é muito divertido passear pelo cenário, pular pelas construções, correr pelos telhados e descobrir atalhos para os mais diversos destinos. O mapa é grande, mas graças ao sistema desenvolvido você consegue percorrer grandes distâncias andando pouquíssimo pelo chão, o que te faz evitar os perigos de Harran. E Dying Light mostra uma grande lição para os jogos em primeira pessoa: É possível fazer um jogo rápido, com uma movimentação fluida, que permita o jogador explorar todo e qualquer canto do cenário, basta criar um sistema de escalada funcional.

Mais uma menção honrosa ao título é o número de zumbis existentes na cidade. Você encontrará hordas e mais hordas de inimigos famintos e, muitas vezes, sua única solução será correr e fugir, principalmente no início do jogo, já que contará com poucas ferramentas e habilidades para lidar com a maioria das situações. 90% dos zumbis são desprovidos de inteligência artificial, mas os outros 10% preocupam bastante.

E até aqui foi dito que Dying Light é um jogo em primeira pessoa, mas ele não é em todo um FPS. O combate do jogo absorve e aprimora muito do que Dead Island apresentou. É focado em meele, com armas como pés de mesa, canos de ferro, tacos de baseball, facas, espadas, chaves inglesas, marretas, dentre várias outras. O jogo possui uma variedade monstruosa de armas, cada uma com um padrão de ataque, velocidade, peso e dinâmica diferentes. As armas possuem durabilidade limitada, forçando o jogador a variar, escolher outras armas, guardar equipamentos, estabelecer estratégias de abordagem... Isso cria uma dinâmica incrível, que é ampliada por um sistema de crafting gigante. Você pode não só confeccionar granadas e facas de arremesso como pode também alterar suas armas, adicionando efeitos diversos para aumentar dano, durabilidade e manuseio. Tudo isso é complementado por armas de fogo, sendo que o sistema shooter do jogo é muito bem trabalhado, com um cover competente, aliado àuma mira digna e extremamente funcional.

Ocorre que não são só zumbis os seus desafios. Dying Light também joga humanos no caldeirão... Vários deles... Todos muito resilientes e espertos, prontos para acabar com a sua raça.

Basicamente seu personagem possui três classes de habilidades, a primeira é em função da sobrevivência, aprimorada pelo número de quests que você completa. A segunda tem a ver com o Parkour, sendo que você só aprimora tal árvore de skills em função das manobras que realiza enquanto corre pela cidade. Por fim, as habilidades de força são aprimoradas em razão dos combates realizados. Com a evolução das árvores seu personagem ganha novas e fortes habilidades, aumentando em muito a sua resiliência e condições de sobrevivência.

O início de Dying Light é muito tenso. Seu personagem é fraco, possui poucas armas, você não domina a cidade, não conhece os melhores trajetos para chegar aos objetivos. Isso só significa uma coisa: Você morrerá! E muito!  Mas não se frustre. Com o tempo de jogo, a exploração, o acúmulo de itens e o fortalecimento do personagem, Dying Light deixa de ser um survivor horror para se tornar mais um jogo de aventura, pelo menos durante o dia.

E essa é outra lição que Dying Light deixa para os demais títulos do gênero. TENHA MEDO DA NOITE. Sim, o jogo possui sistema de dia e noite e é no escuro que residem os seus maiores desafios. Os zumbis comuns são mais rápidos e agressivos, há um maior número de zumbis corredores e existe uma outra categoria de zumbis, que são praticamente invencíveis, extremamente rápidos e com uma inteligência artificial muito aprimorada. À noite, mesmo quando seu personagem dispõe de um conjunto de armas e habilidades fortíssimas, ele não passa de uma presa. Porém, aventurar-se pelas noites da Arábia... erm... Harran pode ser recompensador. Primeiro porque você recebe experiência dobrada durante a noite. Segundo porque o jogo possui um contador que te proporciona experiência de sobrevivência pelo período em que você permaneceu vivo e/ou não visto durante à noite.

Mas como já dito, após umas 6 ou 8 horas de jogo você já começa a angariar um conjunto de habilidades e de armas que lhe permite avançar melhor no jogo, vencer os zumbis mais temíveis e completar a maioria das missões apresentadas. Daqui para a frente o jogo perde todo o clima de tensão, o jogador cria confiança e as habilidades quebram a dificuldade do jogo, tornando-o um adventure com vários zumbis para você matar.

Além do modo solo, existem dois modos online muito competentes e divertidos. Primeiro que todo o jogo pode ser desbravado num coop online de até 4 jogadores. E é muito fácil jogar no cooperativo. Basta que você abra seu jogo para pessoas de fora ou que convide os amigos da sua lista para jogar contigo. Essas pessoas entram na sua Harran e podem ajudar com todas as missões disponíveis. Para apimentar um pouco o cooperativo, você pode optar por habilitar certos desafios, que simplesmente aparecem na tela no meio de sua jogatina. Além disso, existe um modo de competição assimétrico, em que um jogador assume o controle de um zumbi muito forte, com o objetivo de aniquilar os demais jogadores. Todos os modos podem ficar permanentemente habilitados, sendo possível que seu jogo seja invadido por um zumbi enquanto você está sozinho, no maior estilo Dark Souls.

Com a evolução do seu personagem, o jogo fica extremamente fácil. Então, para quem espera um survivor horror o jogo acaba se tornando uma grande frustração. Ele inicia tenso e difícil, mas termina com um personagem principal super humano, inimigos fracos, armamento quase que ilimitado e dificuldade nula.

E a última batalha é algo extremamente frustrante. Sem sombra de dúvidas.

Graficamente, Dying Light surpreende nos cenários. A cidade é vasta e quando você atinge um ponto alto é possível ver os pontos mais distantes perfeitamente. As construções são muito bem decoradas e pouco repetitivas. O jogo é rápido e no Playstation 4 não apresenta nenhum gargalo gráfico, nenhuma queda de framerate, nada que atrapalhe.

Porém, os personagens parecem de plástico, com olhos mortos e inexpressivos. Os NPC's são repetitivos e genéricos e há uma ínfima variedade de zumbis. Quando você encontra uma horda, não é raro ver 2 ou 3 zumbis iguais. O mesmo vale para os inimigos humanos, são pouco variados e possuem um padrão de ataque repetitivo. Neste ponto Dying Light merecia um melhor polimento.

Os comandos são, na maioria das vezes, extremamente responsivos. Tanto o combate meele quanto a parte shooter funcionam muito bem. A única falha no quesito jogabilidade está no pulo. O jogo depende de você olhar os obstáculos para poder escalar, o que muitas vezes torna-se impossível, principalmente quando você está rodeado de zumbis. Você pensa, pula, mas a mira não encontra o obstáculo a ser escalado à tempo, fazendo com que você caia novamente no inferno zumbi do qual tenta escapar.

Vez ou outra você encontrará alguns glitchs, como zumbis presos em paredes, atravessando cenários ou até popando na sua frente do nada. Mas isso não atrapalha a experiência, muito menos a diversão proporcionada.

A parte sonora do jogo é agradável. O jogo não é assustador, possui pouquíssimos jumpscares, e os sons são condizentes, nada excepcionais. Porém, o voice acting da versão nacional deixa muito a desejar, se comparado com outras dublagens existentes para o nosso mercado. Em verdade dois ou três personagens possuem dublagens que se destacam, sendo que todos os outros são inexpressivos.

No geral, Dying Light é um ótimo entretenimento, principalmente quando jogado em grupo de amigos. É um jogo extremamente gregário e fácil de interagir no online. As mecânicas funcionam muito bem, na medida do possível. Espancar zumbis é divertido, correr e pular é divertido, atirar, explodir e atear fogo é divertido, explorar é divertido, escalar e saltar é divertido e tudo pode ser melhor ainda quando feito com amigos (everything is awesome tocando ao fundo).

A história é irrelevante? Sim, é sim, mas a jogabilidade é boa, as missões secundárias são excelentes, mesmo que algumas não passem de fetch quests, as mecânicas funcionam surpreendentemente bem e a experiência acaba sendo prazerosa e divertida. Exceto à noite. À noite o bicho pega.

Dúvidas, críticas e sugestões: demolidorgameplay@outlook.com

2 comentários:

  1. Dying Light, assim como Infamous Second Son, foi um dos primeiros jogos que joguei no PS4. Pra mim é o melhor jogo de zumbis já feito. Algumas mecânicas e comandos podiam ser melhorados, a história realmente é fraquíssima, mas de resto é um jogo que você vai gastar fácil fácil umas 60 a 100 horas com ele. Ficamos na torcida pra que tudo saia bem na continuação.

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    1. Pra mim ter uma jogabilidade bacana é 80% do jogo. E nesse quesito Dying Light dá aula!

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